Num domingo,
em que o desportivo acabara de jogar, um homem bom, acabara por comprar, para
aos filhos ofertar, uma cabrinha a um pastor, que andava a negociar. Mérinha, assim
se veio a chamar, atada por uma corda, nem olhou mais para trás, sentindo-se
feliz por conhecer um novo lar. Desse dia em diante para compensar o tratamento
amistoso que a familia lhe estava a dispensar, oferecia do seu leite, para juntar ao café de quem quisesse tomar. Para
se alimentar, gostava de ir ao monte, mas erva rasteira não gostava de rapar,
procurava as pontas do mato para se deliciar. Se o guardador se distraísse a brincar,
corria à procura duma horta, para se banquetear. Tiveram de lhe atar umas cordas
p`ra ela não correr tanto e andar mais devagar. De pêlo no ar, procurava sítios
baixos para se acomodar, sinal de humidade, a chuva estava a chegar. Nesse ir
ao monte e voltar, corriam os dias devagar, até que um dia, sem nada a
justificar, mérinha pouco comia, andava triste a cismar. Para a alegrar,
combinaram leva-la à serra marinha, para ela acasalar, teria que ser bem cedo, para os
carros não a assustar. Meu dito meu feito, mérinha foi passear, até à casa da
pastora a ultima do lugar. A serra Marinha era longe, mais do que estavam a
imaginar, depois de chegar a Requeixo, sob, que sob, sem parar. Com o sangue a
latejar, o coração a bufar, comtemplando a serra duma beleza sem par, ao chegar ao alto sentaram-se
a esperar. Depois de falar à pastora, que não tardara em chegar e prometera no rebanho a
integrar, despediu-se da cabrinha que ficou a namorar. Ao regressar, por entre várzeas
e regatos a rapariga ia andando devagar, comendo morangos que nas bordas
do caminho, por entre as folhitas verdes, a estavam a espreitar. Debaixo do sol
que na cabeça se poisava a escaldar, viu hortelãos nas hortas a trabalhar, às
portas das casas, muitas mulheres sentadas, fazendo trança da palha, os dedos
vira que vira sem parar, a seu lado os homens estavam a estoquear. Curva à
esquerda curva à direita, dentro dos muros coloridos estavam os laranjais, no
cimo do monte a Senhora das Graças e muitas belezas mais. Já cansada de
caminhar, espreitou o horizonte, viu que o sol estava a baixar, começou andar
depressa, não se podia atrasar, queria chegar a casa antes da noite chegar.
é dedicada a todos os(as)fafenses que vivem no concelho de Fafe e ainda se dedicam à tradição associada à cultura do centeio mais propriamente ligadas ao artesanato derivado da palha ferrã.
M. Filomena Magalhães
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